Desembargador federal é preso pela PF na 2ª fase da Operação Unha e Carne; Bacellar é alvo de nova busca


A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira (16), o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), durante a segunda fase da Operação Unha e Carne. A ação investiga o suposto vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro deste ano.

A prisão ocorreu na residência do magistrado, localizada na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. De acordo com apuração do g1, Macário foi o responsável por expedir o mandado de prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, preso na Operação Zargun.

TH Joias foi acusado de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de ser suspeito de negociar armas para o Comando Vermelho (CV). Ele chegou a assumir o mandato parlamentar em junho, mas perdeu o cargo após ser preso.

Indícios de vazamento de informações

Segundo informações divulgadas pelo blog do jornalista Octavio Guedes, a Polícia Federal reuniu indícios de que o desembargador teria participado do vazamento da operação que resultou na prisão de TH Joias. Uma fonte da PF relatou que Macário estava em um restaurante com o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), quando Bacellar teria ligado para TH Joias para alertá-lo sobre a ação policial.

Ainda conforme os investigadores, o celular de Bacellar continha mensagens trocadas entre ele e o desembargador, que embasaram a nova fase da operação.

Mandados e novos alvos

Nesta etapa da Operação Unha e Carne, agentes da PF cumpriram 1 mandado de prisão e 10 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As diligências ocorreram no Rio de Janeiro e também no Espírito Santo.

Rodrigo Bacellar, que havia sido preso na primeira fase da operação e posteriormente solto por decisão do plenário da Alerj, voltou a ser alvo de buscas. Ele está licenciado do cargo de deputado estadual. Bacellar foi afastado da presidência da Assembleia por decisão de Moraes e, um dia após ser solto, pediu licença do mandato.

Durante a primeira fase da operação, a Polícia Federal apreendeu R$ 90 mil em espécie no veículo de Bacellar.

Histórico e defesa do desembargador

De acordo com o blog da jornalista Camila Bomfim, esta não é a primeira vez que Macário Ramos Júdice Neto enfrenta questionamentos no exercício da magistratura. O desembargador chegou a ficar quase 18 anos afastado do cargo por decisão do próprio tribunal.

Em nota ao g1, o advogado Fernando Augusto Fernandes, responsável pela defesa do magistrado, afirmou que o ministro Alexandre de Moraes teria sido “induzido a erro” ao determinar a prisão. Segundo ele, a defesa ainda não teve acesso à decisão judicial que decretou a medida, o que, de acordo com o advogado, compromete o exercício do contraditório e da ampla defesa.

A defesa informou ainda que apresentará esclarecimentos nos autos e solicitará a imediata soltura do desembargador.

O TRF-2 declarou que não irá se manifestar sobre o caso, uma vez que a decisão não partiu da corte.

Operação Unha e Carne

A investigação teve início após suspeitas de vazamento de informações sigilosas relacionadas à Operação Zargun. No dia 3 deste mês, Rodrigo Bacellar foi convidado para uma suposta reunião com o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Fábio Galvão, ocasião em que recebeu voz de prisão e teve o celular apreendido.

Segundo a Polícia Federal, Bacellar é suspeito de repassar informações confidenciais que teriam beneficiado TH Joias antes de sua prisão.

📰 Da Redação / Chapada em Foco

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