Nas últimas semanas, moradores têm relatado dias seguidos sem uma gota d’água para cozinhar, limpar, cuidar da casa e até realizar necessidades básicas. Uma realidade que não deveria existir em pleno século 21, especialmente em um município que conhece suas demandas e enfrenta, ano após ano, as mesmas dificuldades.
O mais revoltante, porém, vem logo depois: as contas de água chegam pontualmente, sem atraso e — para piorar — com valores altos, incompatíveis com o serviço que não está sendo entregue. Como cobrar caro por aquilo que não funciona? Como justificar a ausência de abastecimento e, ao mesmo tempo, enviar boletos como se tudo estivesse normal?
A resposta deveria vir do poder público. Mas o que se vê é um silêncio que pesa.
Silêncio do Executivo, que deveria cobrar soluções imediatas.
Silêncio do Legislativo, que deveria fiscalizar, questionar, convocar, exigir respostas.
Quando quem tem o poder de cobrar não cobra, quem sofre é o cidadão.
Enquanto isso, famílias se viram como podem: pegam água em baldes, carregam galões, madrugam esperando o momento em que a água volta por alguns minutos. Uma rotina humilhante, desgastante e que expõe a fragilidade de uma gestão pública que parece não sentir a dor de quem vive o problema na pele.
A crise da água em Ipupiara não é nova. Mas se repete porque falta ação, planejamento e, principalmente, coragem para enfrentar o que realmente precisa ser enfrentado: a falta de compromisso com o básico. Água não é luxo, não é favor — é direito.
E quando o Executivo e o Legislativo se calam, a mensagem é clara:
quem paga a conta, literalmente, é o povo.
E paga caro.
📰 Da Redação / Chapada em Foco

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