Comerciantes de diferentes regiões do país têm relatado um movimento de retorno ao uso do dinheiro em espécie, motivado pela percepção de aumento da vigilância estatal sobre transações financeiras digitais. Embora o governo federal negue qualquer intenção de taxar o Pix, o avanço dos mecanismos de monitoramento e o cruzamento de dados pela Receita Federal acenderam o alerta, especialmente entre pequenos empreendedores.
Na prática, ambulantes, prestadores de serviço e microempresários afirmam sentir insegurança diante de possíveis autuações e multas. Para esse grupo, a sensação é de que regras e interpretações fiscais mudam com frequência, gerando receio quanto a novas cobranças no futuro.
O discurso oficial do governo destaca que o objetivo é combater a sonegação e ampliar a formalização econômica. No entanto, no cotidiano do pequeno comércio, o efeito percebido tem sido o recuo no uso de meios digitais e a preferência pelo pagamento em dinheiro vivo, visto como alternativa menos exposta ao monitoramento.
Economistas avaliam que o ambiente de incerteza regulatória contribui para a desconfiança, ao mesmo tempo em que reforçam que o uso de ferramentas eletrônicas facilita a transparência e pode beneficiar os próprios empreendedores no acesso a crédito e serviços financeiros. Ainda assim, permanece o debate: se não há imposto sobre o Pix, por que tantos temem as consequências do rastreamento das operações?
O cenário revela um desafio adicional para a economia brasileira: equilibrar combate à sonegação, simplificação tributária e segurança jurídica, sem ampliar a percepção de que o Estado vigia e pune, em vez de incentivar quem produz e trabalha.
📰 Da Redação / Chapada em Foco
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