Brasília: Reforma da Praça dos Três Poderes; custo sobe 57% e governo federal prepara obra de R$ 34,7 milhões

 


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que vai destinar R$ 34,7 milhões para uma reforma abrangente da Praça dos Três Poderes, em Brasília — valor que representa um acréscimo de cerca de 57% em relação ao montante inicialmente divulgado em abril, de R$ 22 milhões. 

O anúncio e o novo valor

Em abril, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) havia informado que o investimento estimado para a obra era de R$ 22 milhões. 
Agora, segundo reportagem recente, a cifra foi elevada para cerca de R$ 34,6 milhões ou R$ 34,7 milhões — dependendo da fonte — com a obra programada para começar em novembro e com previsão de conclusão da primeira etapa em 2026. 

O salto de mais de R$ 12 milhões provoca questionamentos sobre os motivos do aumento e sobre o controle do gasto público.

Justificativas governamentais

De acordo com o Iphan, o acréscimo é explicado pela inclusão de “despesas administrativas” que não estavam consideradas na cifra original de R$ 22 milhões. Além disso, o projeto ganhou escopo ao incorporar um programa de “educação patrimonial”, com exposição itinerante e atividades culturais associadas. 

Outro ponto de atenção é a forma como os recursos serão captados: a verba será obtida via Lei Rouanet, por meio de apoio de estatais como Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

O que a reforma prevê

Segundo o Iphan e o governo, a intervenção na Praça dos Três Poderes inclui:

  • recuperação completa do piso e das estruturas físicas externas; 

  • restauro das obras de arte e monumentos que ocupam o espaço; 

  • revitalização de espaços culturais e modernização da iluminação; 

  • melhorias na acessibilidade para pessoas com deficiência, drenagem, sinalização turística e instalações de câmeras de segurança. 

Por que a obra importa

A Praça dos Três Poderes reúne — em um mesmo eixo arquitetônico — os edifícios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. É um símbolo do poder republicano brasileiro e da arquitetura modernista de Brasília. Sua conservação assume dimensão política, simbólica e turística.

A reforma é apresentada como parte de uma agenda de valorização do patrimônio público e reforço da “face institucional” da capital federal. Para o governo, trata-se de uma obra estrutural e também de comunicação pública.

Críticas e pontos de atenção

Apesar de o projeto contar com justificativas plausíveis, há críticas que merecem registro:

  • O aumento de 57% no valor estimado suscita dúvidas sobre o planejamento inicial: ou o orçamento vinha subdimensionado ou o escopo se ampliou de modo significativo.

  • A captação de recursos por meio da Lei Rouanet, com aporte de estatais, abre discussão sobre a transparência do fluxo financeiro — especialmente em relação à composição entre investimento direto e incentivo fiscal.

  • Em um momento de restrições orçamentárias, a prioridade de gasto público deve ser bem explicada: questiona-se o que torna a reforma mais urgente que outras demandas de infraestrutura ou serviços públicos.

  • O cronograma — com início em novembro e primeira etapa em 2026 — exige acompanhamento para garantir que os prazos e custos não se expandam ainda mais, como ocorre em algumas obras públicas.

O próximo passo

Com o cronograma em mãos, caberá ao governo federal — por meio dos órgãos responsáveis — dar visibilidade aos seguintes aspectos:

  • cronograma detalhado de execução, com marcos claros de entrega;

  • detalhamento orçamentário das etapas (obra, restauro, cultural, administrativa);

  • mecanismo de fiscalização e prestação de contas à sociedade;

  • comunicação sobre os benefícios diretos à população (acessibilidade, turismo, uso público) e como o investimento se traduz em retorno social.

Conclusão

A reforma da Praça dos Três Poderes representa um investimento expressivo em um espaço institucional e simbólico da República brasileira. Ainda assim, o aumento de custo — de R$ 22 milhões para cerca de R$ 34,7 milhões — coloca sob lupa o planejamento orçamentário, a transparência dos recursos e o alinhamento prioritário do gasto público. Resta agora acompanhar se a execução corresponderá às promessas de valorização do patrimônio e eficiência no uso dos recursos públicos.


📰 Da Redação / Chapada em Foco

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