Rui Costa minimiza rótulo de “puro-sangue” e sinaliza afastamento do PT em relação a Angelo Coronel


O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), deu o que nos bastidores da política baiana vem sendo interpretado como a “pá de cal” definitiva do petismo sobre a permanência do senador Angelo Coronel (PSD) no projeto eleitoral do grupo para 2026. Em entrevista concedida ao Portal A Tarde, Rui comentou diretamente o debate em torno da possível formação de uma chapa majoritária composta exclusivamente por quadros do PT.

Segundo o ministro, o rótulo de “chapa puro-sangue”, atribuído a um eventual arranjo encabeçado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), com ele próprio e o senador Jaques Wagner (PT) disputando as duas vagas ao Senado, não deve ser entendido como uma escolha partidária excludente. Para Rui Costa, a leitura correta passa pelo peso político e pela trajetória dos nomes envolvidos.

“Quando você vota em pessoas, não dá para falar de puro-sangue. Você está falando de nomes que são ex-governadores. Não tem questão partidária, se trata de quem é ex-governador e cumprirá um papel com o presidente Lula”, afirmou.

Ainda de acordo com Rui, mesmo sendo formada por três petistas, a possível chapa não teria viés estritamente partidário, mas estaria ancorada no legado político e na experiência administrativa dos indicados. O ministro destacou que, no modelo eleitoral brasileiro, o voto é direcionado às pessoas e não aos partidos, ao contrário do que ocorre em países europeus.

“Não tenho essa de puro-sangue ou não. Eu gostaria que a votação fosse em partido, porque na Europa você vota nos partidos, que representam uma política e uma ideologia. No Brasil, é que você vota em pessoas”, completou.

Apesar do discurso, analistas e interlocutores políticos avaliam que, especialmente em disputas ao Senado, é praticamente impossível dissociar os candidatos da chapa majoritária liderada pelo governador. Na Bahia, a história eleitoral reforça essa lógica. Tentativas de candidaturas desvinculadas do grupo majoritário, como nos casos de César Borges e Antonio Imbassahy, acabaram perdendo força à medida que as campanhas avançaram.

Nesse contexto, a avaliação predominante é que Angelo Coronel, político experiente e profundo conhecedor dos bastidores do estado, dificilmente apostaria em uma candidatura “avulsa” ao Senado. Desde 1986, quando Waldir Pires foi eleito governador, consolidou-se a tradição de que o chefe do Executivo estadual impulsiona os nomes ao Senado. Foi assim com João Durval e com o próprio Coronel, que chegou à Casa ao assumir a vaga de Lídice da Mata.

Embora haja especulações sobre os próximos passos do senador do PSD, Coronel ainda não se manifestou oficialmente sobre qual caminho pretende seguir. Aliados avaliam que ele possui interesses relevantes no estado e que uma ruptura com o petismo não seria simples nem imediata.

O que ficou mais claro após a entrevista, segundo observadores, é que Rui Costa, de forma mais discreta que Jaques Wagner, reforçou a defesa da chamada “chapa puro-sangue”, ainda que com nova nomenclatura. Para o ministro, trata-se, na prática, de uma “chapa de pessoas ex-governadores”. Com isso, nos bastidores, ganha força a leitura de que está praticamente sepultada a possibilidade de Angelo Coronel disputar o Senado em 2026 dentro do campo político liderado pelo PT.

📰 Da Redação / Chapada em Foco

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