Operação Aurora desarticula rede interestadual de tráfico de Cytotec usado em abortos ilegais

 

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), da Diopi e do Projeto Impulse, deflagrou na manhã desta segunda-feira (8) a Operação Aurora, voltada ao combate de uma organização criminosa especializada no tráfico interestadual de medicamentos controlados, especialmente o Cytotec (misoprostol) — usado ilegalmente para indução de abortos no país.

A ação ocorreu simultaneamente em sete estados, em operações realizadas nas seguintes cidades:

  • Paraíba: João Pessoa

  • Goiás: Goiânia e Valparaíso

  • Rio de Janeiro: Nova Iguaçu

  • Espírito Santo: Aracruz

  • Bahia: Irecê e Itaguaçu

  • Minas Gerais: Santos Dumont

  • Distrito Federal: Brasília

Até o momento, três pessoas foram presas, além da apreensão de celulares e drogas, que passam por perícia.


Caso que deu origem à investigação

A investigação começou após um caso ocorrido em Guaíba (RS), em 2 de abril de 2025. Uma mulher deu entrada no hospital regional com fortes dores após realizar um aborto provocado. Durante o atendimento, dois fetos foram expelidos.

Ela relatou ter comprado o misoprostol pela internet e contratado um suposto serviço de “assessoramento técnico online”, oferecido por uma mulher que se apresentava como “doutora”. No entanto, segundo o depoimento, ela foi abandonada no meio do processo, sem qualquer suporte, mesmo em meio a dores intensas.

A vítima afirmou ter encontrado o grupo criminoso após pesquisar nas redes sociais sobre gravidez indesejada. Depois de um contato inicial, recebeu uma tabela de preços — com valores que variavam conforme as semanas de gestação — e foi adicionada a um grupo chamado “Sinta-se acolhida”, que funcionava como fachada de apoio emocional e captação de clientes.


Estrutura da quadrilha

Segundo a Polícia Civil, apenas os administradores do grupo tinham autorização para vender o Cytotec e orientar o procedimento. A organização atuava em diversos estados, com divisão de tarefas, logística própria e grande volume de clientes.

Mais de 250 mulheres faziam parte do grupo, o que indica alto lucro para os envolvidos. A investigação também apura a origem do misoprostol, que é de uso hospitalar restrito e não pode ser comercializado em farmácias nem pela internet.

A delegada Karoline Calegari, da Delegacia de Polícia de Guaíba, destacou que a rede apresentava "estrutura organizada, com atuação ramificada e forte presença digital para captação de clientes".


Próximas etapas

Nesta primeira fase, a prioridade é identificar o papel exato de cada suspeito, rastrear o desvio do medicamento e mapear a estrutura completa da organização criminosa. A análise do material apreendido deve resultar em novos indiciamentos.

A Polícia Civil reforçou que a Operação Aurora evidencia a cooperação entre forças de segurança de diferentes estados, essencial para combater crimes que colocam em risco a saúde pública e a segurança de mulheres em situações vulneráveis.

📰 Da Redação / Chapada em Foco

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